“Designamos
pelos termos “dementia praecox” ou “esquizofrenia” um grupo de psicoses cujo
curso é, por vezes, crônico, outras vezes marcado por ataques intermitentes, e
que podemos sustar ou fazer retroceder em qualquer estágio, mas que não permite
uma total restituio ad integrum. A doença é caracterizada por um tipo específico
de alteração do pensamento...” (Eugen
Bleuler apud SZASZ, 1978: 9)
“(...) a afirmação de que algumas
pessoas têm uma doença chamada esquizofrenia (e de que algumas,
presumivelmente, não a têm) baseia-se unicamente na autoridade médica e não em
qualquer descoberta da Medicina: de que isso foi, em outras palavras, o
resultado de uma tomada de decisão ética e política, e não de um trabalho
científico empírico.” (SZASZ, 1978: 17)
“O que aconteceria então a
Psiquiatria se a medicina e a lei, o povo e os políticos reconhecessem o
caráter metafórico e mitológico da doença mental? Essa desmistificação da
Psiquiatria abalaria e destruiria a Psiquiatria como especialidade médica, tão
seguramente quanto a desmistificação da Eucaristia abalaria e destruiria o catolicismo
romano como religião.” (SZASZ, 1978: 44)
“Certos
aspectos do conceito de doença têm sido, é claro, discutidos com bastante
freqüência... e a moderna legislação compele-nos a formular uma definição
clara, se bem que fragmentária, talvez, aqui e ali. Mas definições desse tipo
são jurídicas, e não médicas.” (Eugen
Bleuler apud SZASZ, 1978: 72)
“Quando o
médico deseja dar ao paciente uma pitada de encorajamento, diz-lhe que seu
estado de nervos se deve ao excesso de trabalho; se deseja revigorar seu próprio
ego à custa do paciente, diz-lhe que o seu estado de nervos se deve à
masturbação; ambas as declarações são autistas... O pensamento negligente é
oligofrênico e conduz ao erro; o pensamento autista é paranóide e leva a
alucinação.” (SZASZ, 1978: 110)
“quando os nazistas estigmatizaram
e confinaram judeus, isso é perseguição; quando os americanos estigmatizam e
segregam seus compatriotas que tem pele negra ou ancestralidade nipônica, isso
também é perseguição. Mas quando pessoas no mundo inteiro estigmatizam e
segregam seus parentes e vizinhos que se comportam de maneira que não é do
agrado da maioria – e quando essa estigmatização se efetua mediante labéus e
segregações pseudomédicas – então isso deixa de chamar-se perseguição, e é
geralmente aceito como Psiquiatria.” (SZASZ, 1978: 114)
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